Por Maxim Wengert
A sustentabilidade dos fundos de pensão é um dos temas mais debatidos no setor. Afinal, garantir os benefícios dos participantes e prezar pela longevidade da entidade, implementando uma gestão transparente, é um grande desafio.
Vamos começar falando sobre a gestão de riscos, central na razão de ser de uma EFPC. Afinal, estamos falando de gerir recursos que manterão indivíduos e famílias em uma etapa delicada da vida. Entender o protagonismo desse pilar é fundamental para organizar uma fundação e os planos que oferece.
Um equilíbrio entre performance e risco
A gestão da EFPC deve abranger sistemas de controle de performance e risco, assim como de avaliação dos resultados. Aí se insere a Política de Investimentos, orientada pelo estudo e revisão constante dos ativos e passivos.
Essa política precisa ser orientada pelos estudos recorrentes de gerenciamento de ativos e passivos. Tal acompanhamento depende da modalidade do plano de benefícios, seu grau de maturação, suas especificidades e as características de suas obrigações. Mas uma coisa é certa: todas as fundações precisam garantir adesão à legislação ( e suas alterações) e garantir a transparência nessa alocação de recursos;
Já ao Conselho da entidade cabe definir e revisar suas políticas e estratégias gerais, bem como sua revisão periódica. Neste contexto está a Supervisão Baseada em Risco (SBR), que objetiva avaliar a probabilidade de riscos e seus impactos, assegurando a aplicação eficiente dos recursos.
As diretrizes do regulador têm o objetivo de criar controles internos. Esses controles ajudam a monitorar as avaliações atuariais e as necessidades do plano, permitindo que a fundação faça ajustes para manter o equilíbrio econômico e financeiro em tempo hábil.
O gerenciamento do risco busca assegurar padrões de segurança econômico-financeira, preservando a liquidez, a solvência e o equilíbrio dos planos de benefícios. São três os principais riscos a serem monitorados:
- risco da contraparte, evitando a concentração de ativos em poucos emissores
- risco de mercado, com a manutenção dos enquadramentos pré-estabelecidos
- risco de liquidez, de forma que os recursos estejam disponíveis na data do pagamento dos benefícios e demais obrigações do plano
Tecnologia como aliada
Diante de tantas diretrizes a cumprir pensando na sustentabilidade, tecnologia surge como principal aliada para a gestão eficaz dos investimentos da EFPC. O sistema de consolidação de carteiras, por exemplo, já utilizado por diversas fundações, permite o acompanhamento das carteiras de planos individuais e sua consolidação na entidade.
São diversos cálculos de risco e retorno, além da análise por agrupamentos, como ativo, estratégia ou classe de ativo. Esses grupos ajudam a verificar os limites todos os dias, o que facilita na escolha de novas aplicações para atender às necessidades de liquidez do plano.
Uma vantagem do consolidador é a flexibilidade de usar qualquer tipo de ativo e fontes variadas de preços. Por exemplo, dá para marcar ativo a mercado ou pela curva, usando preços vindos da custódia.
A Política de Investimentos requer o monitoramento das alocações e seu impacto sobre a rentabilidade do plano. E, novamente, sem perder o pulso da regulação. Ter um sistema que fornece relatórios sob diferentes óticas são fundamentais.
Alguns exemplos mais usados pelos gestores de investimentos de fundos de pensão:
- Alocação atual X target, identificando necessidades de rebalanceamento
- Atribuição da performance, por ativos, estratégia ou enquadramento
- Ganhos financeiros de cada ativo
A tecnologia também auxilia no monitoramento do risco de liquidez – dois riscos importantes, como falamos. Reports de pagamentos gerados pelos ativos, seja por conta de vencimento, juros ou amortização, facilitam a gestão do caixa da entidade.
O sistema de consolidação de carteiras permite ainda a criação de uma cota diária para cada plano e para o consolidado da entidade. Assim torna-se fácil a avaliação de desempenho frente a qualquer benchmark ou peer group.
Por fim, os dados divulgados pela EFPC devem atender às demandas legais, além de permitir ao participante a compreensão da situação econômica, financeira e patrimonial do seu plano. Essa é uma tendência que tem aumentado e proporcionado maior interação com os segurados, além de reforçar a transparência da fundação.
Esse acompanhamento pode ser feito com ferramentas automáticas para a captura de carteiras nos custodiantes dos ativos. A automatização permite a elaboração de relatórios rápidos e precisos, menos sujeitos a erros de manipulação e a um custo operacional menor.
Com toda a complexidade e obrigações, usar a tecnologia é vital para uma gestão eficaz e bem-sucedida. Afinal, as inovações nesse campo auxiliam na missão fundamental da entidade: equilíbrio financeiro dos planos para pagamento integral das aposentadorias e benefícios.