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BDRs de comunicação são favoritos dos fundos em 2021

BDRs de comunicação são favoritos dos fundos em 2021.

BDRs de comunicação são favoritos dos fundos em 2021. Quais devem brilhar em 2022?

Com o aumento da procura por BDRs de comunicação no final de 2021, o mercado se mostra atento e pronto para continuar investindo nesses ativos em 2022, como diz Bruna Camargo em seu artigo para Agência Estado, utilizando dados da Quantum Finance.

ESPECIAL: BDRS DE COMUNICAÇÃO SÃO FAVORITOS EM 2021. QUAL SETOR DEVE BRILHAR EM 2022?

Por Bruna Camargo | Agência Estado

Os BDRs – sigla em inglês para os recibos emitidos no Brasil com lastro em ativos estrangeiros – parecem ter caído no gosto dos brasileiros. Os institucionais que o digam. Boletim mensal da B3 divulgado hoje mostra que, em dezembro de 2021, eles representaram 69% na posição em custódia. Os investidores pessoa física ganharam em quantidade, com mais de 304 mil CPFs.

Os fundos, especificamente, mostraram empolgação: direcionaram R$ 19,1 bilhões para BDRs até setembro de 2021 – ante R$ 2,9 bilhões no mesmo período de 2019 e R$ 10 bilhões em igual intervalo no ano de 2020 -, conforme levantamento feito pela Quantum Finance. No ano passado, o setor de maior interesse foi o de serviços de comunicação. Qual tem potencial para ser o queridinho das gestoras em 2022?

“Difícil dizer” é a resposta unânime entre os especialistas ouvidos pelo Broadcast. Isso porque, com a expectativa pela alta de juros nos Estados Unidos, há ruído e volatilidade nos mercados – o que deixa os possíveis cenários um pouco mais embaçados na hora de identificar oportunidades.

Mas os especialistas concordam ao apontar as “empresas de valor” como mais interessantes neste ano, uma vez que negociam a múltiplos mais baixos que as de tecnologia, por exemplo, e devem ser menos impactadas pelo aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Para Piter Carvalho, economista e head de renda variável da Valor Investimentos, será interessante acompanhar as empresas mais consolidadas, como as de commodities. Entre elas, o setor de petróleo pode ter destaque, segundo Flávio Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos, que ainda menciona o setor financeiro.

Alberto Amparo, head de análise internacional da Suno Research, lembra que “o bom alocador de capital faz as coisas ‘contraintuitivamente’. Quando um setor está ruim, ele separa o joio do trigo para pegar algo que está barato e vai ficar bom só nos próximos anos”, afirma Amparo.

Finanças, Tecnologia e Comunicação se revezam no topo

Nos últimos três anos, três setores se revezaram no topo dos mais comprados pelos fundos de BDRs, segundo o levantamento da Quantum Finance. Em 2019, serviços financeiros captou R$ 652,6 milhões de 471 fundos; em 2020, tecnologia ocupou o primeiro lugar, com R$ 2,2 bilhões de 562 fundos; e, em 2021, serviços de comunicação foram o destaque, com R$ 4,6 bilhões de 593 fundos. Uma menção honrosa para o setor de consumo cíclico, que também figurou entre os que mais receberam investimentos

A maior parte desse dinheiro está indo para empresas dos Estados Unidos, de acordo com a Quantum Finance. Dos R$ 19,1 bilhões que os fundos investiram em BDRs nos primeiros nove meses de 2021, R$ 15,6 bilhões pousaram em solo americano, especialmente na Califórnia (R$ 7,7 bilhões), que também está no topo da lista em 2020 (R$ 3,5 bilhões) e 2019 (R$ 749 milhões). Nada difícil de imaginar, uma vez que o Estado abriga o Vale do Silício, berço das gigantes de tecnologia americanas.

“A maioria dos BDRs que temos hoje são dos Estados Unidos, que tem as maiores empresas do mundo e Bolsas bem desenvolvidas”, pontua Carvalho, da Valor. Ele avalia que o destaque da tecnologia entre os setores que mais recebem investimentos anda junto com a valorização do índice Nasdaq, puxada pelas chamadas FANGs. Oliveira, da Zahl, acrescenta que empresas tech chamam a atenção dos investidores pelo crescimento exponencial ao longo do tempo. “E a gente fala setor de tecnologia, mas, hoje em dia, quase tudo que abre capital é tecnologia aplicada a alguma coisa. Por exemplo, as fintechs, que têm a tecnologia sendo aplicada ao mercado financeiro”, pontua.

Em relação aos outros setores com mais investimentos, Amparo, da Suno, avalia que a atratividade deles deve estar ligada à resiliência, e menciona empresas de serviços de comunicação como exemplos. “Nos Estados Unidos, o setor forma um oligopólio. As três mais relevantes que consigo pensar são AT&T, Verizon e T-Mobile, bastante consolidadas”, diz.

Oportunidade para o investidor geral

A maior vantagem dos BDRs, segundo os especialistas, é a diversificação geográfica oferecida pelo ativo, sendo possível investir em temáticas escassas ou inexistentes no Brasil sem a necessidade de transações no exterior. No entanto, Oliveira, da Zahl, alerta que justamente pela distância do investimento, um investidor pessoa física deve ter cautela se quiser montar uma carteira com BDRs. “A maioria dos investidores não consegue acompanhar as empresas em que investe ou acaba ficando concentrado demais num determinado ativo ou categoria. Faz mais sentido fazer isso através de fundos ou ETFs”, diz.

Para quem corre olhar se a rentabilidade é interessante, o boletim mensal da B3 revela que o BDR vencedor do ano passado foi o da Biontech, que teve alta de 227,7% entre o fechamento de 31/12/2020 e o de 30/12/2021. O Top 10 ainda é composto pelos BDRs de Devon Energy (+211,2%), Bath & Body Works (+184,9%), Fortinet (+174,2%), Marathon Oil (+164,3%), Ford Motors Company (+145,8%), Moderna (+143,6%), Nvidia (+142,3%), Macy’s (+141,7%) e Diamondback Energy (+136,1%).

 

  • Sistema de Dados e Informações Financeiras: Quantum Axis
  •  Broadcast |Estadão 
  • Bruna Camargo-Repórter de Investimentos | Agência Estado
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