O caso Ambipar reacendeu discussões importantes sobre governança, riscos corporativos e a necessidade de realizar uma due diligence. Esse processo não deve ocorrer somente no momento da alocação de recursos, mas ao longo de todo o ciclo de investimento.
Cada situação tem particularidades. Entretanto, analistas, gestores e a imprensa apontaram fatos que ajudam a contextualizar a trajetória recente da companhia.
Entenda o histórico da Ambipar até seu cola´pso e entenda a importância de conduzir uma due diligence contínua para evitar esse tipo de risco.
O que aconteceu no caso Ambipar?
A Ambipar foi, durante anos, um símbolo de crescimento no setor de gestão ambiental. Entre 2020 e 2023, a empresa protagonizou uma série de movimentos que chamaram a atenção do mercado.
Entre eles, estão:
- expansão por meio de fusões e aquisições (M&A);
- captações relevantes;
- emissão de dívidas para sustentar o ritmo de expansão;
- posicionamento forte em temas ligados à sustentabilidade.
Reportagens especializadas, porém, passaram a destacar sinais de estresse que surgiram com o tempo. Confira em mais detalhes.
Ciclo de expansão acelerada
A trajetória de crescimento da Ambipar combinou fatores típicos de empresas em expansão agressiva: consolidação por M&A, aumento relevante de dívida e diversificação internacional. A companhia concluiu mais de 40 aquisições em poucos anos.
Desse modo, a Ambipar ampliou a presença em diferentes países e segmentos. O processo reforçou a tese de consolidação, ao mesmo tempo que elevou significativamente a necessidade de integração operacional, padronização contábil e governança.
A estrutura de capital também evoluiu ao longo do período. A empresa expandiu sua alavancagem por meio de debêntures, green bonds e outros instrumentos de dívida. As ações chegaram a acumular mais de 800% de valorização entre a Oferta Pública Inicial (IPO) e o pico de preço.
Surpresa do mercado com a deterioração
Foram divulgados questionamentos sobre a sustentabilidade financeira da expansão. Apesar de algumas sinalizações de estresse operacional, a velocidade da mudança de cenário chamou a atenção de participantes do mercado.
Em poucas semanas, vieram à tona investigações internas e questionamentos sobre operações financeiras ligadas à mesa responsável por swaps. Adicionalmente, houve a saída do diretor financeiro da empresa.
A companhia então protocolou o pedido de recuperação judicial no Brasil e nos Estados Unidos, mencionando riscos de vencimento cruzado após credores solicitarem antecipação de pagamentos. A reação do mercado foi imediata: as ações caíram mais de 20% no pregão do anúncio.
Isso aprofundou uma desvalorização que já havia se acumulado ao longo de 2024 e 2025, com perdas superiores a 90% desde o pico histórico. O impacto se estendeu para além da ação.
Detentores de debêntures e produtos estruturados foram afetados, ampliando a sensação de surpresa e incerteza. Entre as alternativas impactadas, havia Certificados de Operações Estruturadas (COEs) atrelados ao desempenho da empresa.
Quais paralelos podem ser observados em outros casos?
Casos como Americanas e Light são frequentemente citados como exemplos que ajudam a contextualizar rupturas corporativas. Em ambos os episódios, fragilidades internas permaneceram pouco visíveis por longos períodos, gerando impactos severos quando se tornaram públicas.
Observe!
Por que esses episódios ajudam a contextualizar o caso Ambipar?
Como ocorreu na Ambipar, Americanas e Light apresentavam elementos que não pareciam, à primeira vista, incompatíveis com operações sustentáveis. As companhias eram de grande porte e tinham relevância setorial, auditorias externas e governança estabelecida.
No entanto, nas duas situações, o mercado foi surpreendido por eventos abruptos: inconsistências contábeis, no caso da Americanas, e deterioração financeira profunda, na Light.
A conexão entre esses eventos não está na natureza do problema: ela surge no padrão. O risco de assimetria de informações é um ponto comumente mencionado quando se discutem mudanças de tendência.
Qual é a mensagem central desses paralelos?
Esses episódios reforçam que não basta realizar uma due diligence extensa somente no momento da alocação de recursos. A velocidade das transformações — seja por expansão agressiva, reorganizações internas ou mudanças regulatórias — pode ser elevada.
Nesse cenário, torna-se ainda mais necessário acompanhar dados atualizados, revisões contábeis, movimentações de dívida, comparações setoriais e indicadores de estresse.
Por que a due diligence contínua é crucial para decisões de investimento?
A due diligence tradicional costuma ser aplicada em momentos pontuais: antes de comprar uma empresa, investir em um ativo ou estruturar uma operação, por exemplo. Porém, casos como o da Ambipar mostram que a fotografia de um balanço trimestral não captura a evolução do risco no intervalo entre as divulgações.
Sinais de alerta

O monitoramento recorrente permite observar deteriorações em ritmo real — não só ao fim de cada trimestre. Entre os elementos que podem sinalizar mudanças relevantes estão:
- oscilações incomuns no endividamento ou nos custos de financiamento;
- mudanças abruptas de margem ou caixa operacional;
- reclassificações contábeis inesperadas que exigem análise mais profunda;
- revisões de guidance, auditorias extraordinárias ou atrasos em entregas de documentos;
- aumento súbito do risco de crédito;
- notícias que apontem investigações, conflitos ou disputas contratuais.
Embora a due diligence contínua não elimine riscos, ela contribui para reduzir assimetrias de informação. Investidores e gestores bem preparados não dependem exclusivamente de eventos formais — eles esperam sinais no fluxo de dados que, quando integrados, ajudam a calibrar decisões.
Comparação setorial
Uma análise aprofundada se torna ainda mais eficiente quando o desempenho de uma empresa é comparado aos pares. Mudanças que parecem naturais quando analisadas isoladamente são capazes de indicar problemas quando contrastadas com tendências do setor.
Por exemplo, um ciclo de alta alavancagem pode ser aceitável para empresas de crescimento acelerado. Contudo, se o ritmo de endividamento de uma companhia diverge drasticamente das concorrentes, a situação configura um sinal de atenção.
Notícias e comunicações corporativas

Notícias, comunicados oficiais, ofícios da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e movimentações judiciais complementam o monitoramento financeiro. Quebras de expectativa frequentemente surgem primeiro em notas de imprensa, ofícios da CVM ou comunicados marginais — e só depois aparecem nos balanços.
A combinação entre dados estruturados (financeiros, contábeis, de crédito) e não estruturados (notícias, comunicados, investigações) permite realizar uma leitura mais realista do cenário.
Como estruturar um processo eficiente de due diligence contínua?
A due diligence contínua combina métodos quantitativos e qualitativos. Não é somente ler balanços: trata-se de estudar séries históricas, cruzar informações e identificar padrões assim que eles emergem.
Monitore indicadores
Os indicadores mais relevantes variam conforme o tipo de empresa e o perfil do investidor ou a política do fundo de investimento. Entretanto, alguns pontos são essenciais em praticamente todas as análises, como:
- evolução do endividamento e do custo da dívida;
- geração de caixa ajustada ao ciclo setorial;
- covenants financeiros e sua proximidade de limites críticos;
- posição competitiva e participação de mercado;
- dependência de contratos específicos;
- litigiosidade e contingências;
- concentração de receitas ou fornecedores.
Manter um painel atualizado evita que mudanças de tendência fiquem diluídas nos dados trimestrais e só sejam percebidas quando já se tornaram críticas.
Cruze dados
O cruzamento de dados — balanços, spreads, pares do setor, ratings, índices de risco, relatórios operacionais e notícias — cria uma camada adicional de segurança. Ele permite identificar padrões que, isoladamente, pareceriam irrelevantes, mas que, em conjunto, desenham um cenário diferente.
Reaja com agilidade
Quando rupturas acontecem, o intervalo entre os primeiros sinais e o impacto efetivo no preço dos ativos pode ser curto. Uma due diligence contínua pode auxiliar na identificação de mudanças relevantes.
Como o Quantum Axis contribui para uma due diligence contínua?
A due diligence contínua exige acesso a dados organizados, comparações estruturadas e ferramentas capazes de cruzar grandes volumes de informação. O Quantum Axis consolida tudo isso em um único ambiente.
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Facilidade no acompanhamento de empresas

O Quantum Axis oferece séries históricas extensas, demonstrações financeiras completas, indicadores customizáveis e documentos oficiais. A plataforma permite monitorar:
- balanços e demonstrações;
- endividamento, liquidez e métricas de crédito;
- comparativos entre empresas e entre setores;
- curva de juros, spreads e risco de mercado;
- eventos corporativos, proventos e comunicados.
Essa integração reduz o tempo dedicado à coleta manual e libera o analista para o que realmente diferencia decisões: interpretação, comparação e teste de hipóteses.
Comparação setorial
A ferramenta viabiliza comparações detalhadas entre empresas de um mesmo segmento. Dessa maneira, é possível avaliar fatores como:
- margens;
- alavancagem;
- eficiência;
- padrões operacionais;
- evolução de indicadores estratégicos;
- sensibilidade a ciclos econômicos específicos do setor.
O gestor consegue contrastar estruturas de capital, dinâmica de receita e variações de custos. Ele ainda pode observar como choques macroeconômicos ou regulatórios afetaram pares de forma distinta ao longo do tempo.
Essa leitura facilita detectar movimentos fora da curva. Alguns exemplos são aceleração de despesas, perda de competitividade, compressão de margens e mudanças abruptas no perfil de endividamento.
Com isso, o gestor faz mais do que identificar desvios. Ele consegue enquadrá-los no contexto setorial, distinguindo entre uma deterioração isolada e uma tendência que afeta toda a indústria.
Monitoramento de riscos
Nossa plataforma reúne visualizações que facilitam o acompanhamento de indicadores, inclusive em cenários de mudança. O profissional consegue visualizar tendências, testar cenários e documentar hipóteses para sua tomada de decisão.
O caso Ambipar se tornou um lembrete de que rupturas têm chance de ocorrer mesmo em empresas com histórico de expansão e forte presença no mercado. Relatórios trimestrais e due diligence inicial não bastam, sendo preciso monitorar continuamente os investimentos selecionados.
Se você deseja aprofundar sua avaliação de empresas e reduzir riscos não evidentes em dados trimestrais, explore as soluções da Quantum e veja como a tecnologia pode apoiar suas decisões.



