Recentemente, os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) ligados ao varejo têm despertado o interesse dos investidores devido ao rendimento acima da média do mercado, apesar de estarem associados a um setor que enfrenta momentos desafiadores.
Um exemplo é a Pefisa, instituição financeira ligada à Pernambucanas, que oferece um CDB com rentabilidade de 123,78% do CDI e vencimento em junho de 2026. Outra opção é um CDB mais curto emitido pela Midway, instituição financeira ligada à Riachuelo, com rendimento de 121,68% do CDI e vencimento em novembro de 2025.
De acordo com analistas ouvidos na reportagem do InfoMoney, as altas taxas dos CDBs refletem a percepção de risco elevado.
Outro fator que leva as instituições financeiras ligadas a varejistas a oferecerem remunerações mais altas aos investidores é o caso da Americanas. A empresa entrou com um pedido de recuperação judicial no início do ano, o que provocou uma crise no mercado de crédito privado e aumentou ainda mais a percepção de risco no setor.
Sendo assim, as taxas desses papéis estão muito acima da média apurada das emissões recentes, segundo um levantamento os experts aqui da Quantum fizeram para o portal.
CDBs das varejistas
Ao se tratar dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs) emitidos por instituições financeiras de varejistas, os investidores podem se questionar sobre a possibilidade de separar o emissor desses papéis das lojas, que estão passando por um período desafiador. No entanto, especialistas recomendam considerar o contexto como um todo, uma vez que essas empresas fazem parte do mesmo ecossistema.
De fato, as financeiras desempenham funções distintas e suas atividades podem ser consideradas de alto risco. Os bancos vinculados às lojas têm o cartão de crédito como seu principal produto, geralmente oferecido aos clientes na entrada dos estabelecimentos e no momento do pagamento.
No Brasil, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 78,5% das famílias estão endividadas. Esse número evidencia o quão arriscado é emprestar dinheiro no país e mostra como as financeiras estão expostas a esse risco.
É válido investir nesses CDBs?
Mesmo diante dos riscos atuais apresentados tanto pelas varejistas quanto por suas
financeiras, especialistas afirmam que os retornos das aplicações são satisfatórios e recomendam a compra desses papéis, desde que, com critério.
A principal justificativa para essas recomendações é a proteção oferecida pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que assegura investimentos de até R$ 250 mil em CDBs. Caso ocorra a falência de um banco emissor e ele não consiga honrar suas dívidas, o FGC reembolsa o investidor pelo valor investido.
“Não acho que essas financeiras estejam em risco iminente de default; portanto, para quem gosta de risco, podem ser bons ativos”, defende Bruno Komura, analista da Ouro Preto. “A situação deve começar a melhorar ao longo do segundo semestre e isso deve se tornar uma tendência ainda mais clara no ano que vem”, completa.
Já segundo Rodrigo Caetano, analista da Toro Investimentos, “O conservador não quer se expor a esse tipo de ativo, mas quem é focado em taxas, entende o processo do FGC e aceita esperar para receber os recursos de volta em caso de quebra pode investir nesses instrumentos”. Embora o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) ofereça proteção, é crucial analisar se o perfil do investidor é compatível com a aplicação, mesmo considerando essa salvaguarda.
O analista da Toro ressalta ainda a baixa liquidez dos CDBs, o que pode ser um fator que afasta investidores. “É preciso saber que o ideal é pensar nesses títulos para carregá-los até o vencimento, já que a negociação de títulos bancários fica muito refém de mercados secundários internos das corretoras”.
CONFIRA A REPORTAGEM COMPLETA:
Matéria: Até 123% do CDI: financeiras de varejistas emitem CDBs com alto retorno; vale a pena o risco?
Autor: Leonardo Guimarães
Por: InfoMoney – Publicado em 13/07/2023
Informações Financeiras: Quantum Finance