O professor Carlos Heitor Campani, especializado em finanças e investimentos, publicou um artigo muito interessante no portal Investing.com, analisando o caso Americanas (AMER3).
Ele conta que assim que soube das inconsistências contábeis da varejista, correu para checar uma carteira dele Long Biased de ações, que possui estratégia quantitativa, para ver o impacto. Assim, constatou que possuía uma posição vendida em AMER com peso de 6%.
A partir desse episódio, ele se perguntou: “Será que análises quantitativas poderiam, de certa forma, prever se havia algo de estranho com a AMER3?”
Primeiramente, ele ressaltou que nenhuma metodologia quantitativa no mundo tem o poder de cravar acontecimentos negativos ou positivos. “A previsibilidade do mundo, de modo geral, é bem mais limitada do que imaginamos, mas isso não que dizer que tais análises sejam sem valor e, portanto, desnecessárias”, diz Campani.
Ele acrescenta que se as análises forem bem estruturadas, os acertos tendem a ser maiores do que os erros. “Esqueça (falsas) certezas, mas não menospreze os indícios”, destaca o professor.
Com dados da plataforma Quantum, ele fez uma análise de AMER3 em quatro janelas de tempo – um, três, seis e doze meses para trás. As rentabilidades são de períodos anteriores a janeiro deste ano, quando estourou o problema.
O professor faz comparações com o Ibovespa, principal índice da Bolsa; o ICON, Índice de Consumo da B3 e com Via (VIIA3), que também é player do varejo
Análise do caso Americanas:
Veja abaixo:
AMER3 | VIIA3 | Ibovespa | ICON | |
Análise 1M | -8,62% | 10,09% | -2,45% | -5,29% |
Análise 3M | -43,17% | -24,76% | -0,27% | -13,73% |
Análise 6M | -28,15% | 25,00% | 11,36% | -0,72% |
Análise 12M | -68,67% | -54,29% | 4,69% | -25,36% |
Fonte: Quantum Finance
De acordo com o professor, o que chama a atenção é que em todos os períodos analisados, o papel AMER3 se descolou dos benchmarks, com rentabilidades inferiores. “Se você tivesse acesso a esta análise no início do mês, não pensaria em analisar AMER3 a fundo para retirar da sua carteira (se você a tivesse) e/ou vendê-la a descoberto? Cabe reflexão. Decisões de montagem de carteira não podem ser superficiais e com base em achismos”, comenta Campani no artigo que ele escreveu para o Investing.com
Junto com essas informações, outro passo interessante seria a análise do fluxo de caixa recente da companhia. “Para ver se, realmente, (por conjectura) a companhia vinha pagando altos juros em uma despesa que não aparecia nas DREs, o seu fluxo já estava sendo impactado (ao contrário dos seus resultados contábeis)”, explica.
Com essas e outras informações, teria sido possível a construção de uma tese de investimentos mais propensa a ganhos.
CONFIRA O ARTIGO COMPLETO:
- Autor (colunista dos portais Investing.com e Valor Investe): Carlos Heitor Campani, Ph.D. em Finanças pela Edhec Business School (França), com Pós-Doc na Princeton University (EUA) e Mestrado em Finanças pelo Coppead/UFRJ, onde é professor e pesquisador.
- Investing.com – 20/01/23
- Informações Financeiras: Quantum Finance