As inconsistências contábeis anunciadas pela Americanas impactaram negativamente os fundos que possuem debêntures da companhia em suas carteiras.
Segundo reportagem da InfoMoney, as debêntures da empresa com vencimento em 15 de maio de 2023, sob o ticker LAMEA4, que eram negociadas na quarta-feira (11/01) com remuneração equivalente a taxa do CDI mais 1,04% ao ano – antes da divulgação do fato relevante pela varejista -, passaram a ser ofertadas por CDI mais 720% ao ano na sessão da sexta-feira (13/01).
Por sua vez, as debêntures com vencimento em julho de 2033 passaram a ser negociadas, também na sexta-feira, com taxas equivalentes a CDI mais 23% ao ano. Pouco tempo antes, na segunda (9/01), esses papéis ofereciam retornos de CDI mais 3%.
Rafael Siqueira, analista de futuros e renda fixa da Genial, explicou a situação: “Não sabemos o risco de crédito ou de default [calote] da empresa no curto prazo. A taxa de compra e venda de papéis mais curtos está maior do que a de papéis mais longos”. Segundo ele, trata-se de um sinal de que os investidores acreditam que o curto prazo será turbulento, mas avaliam que a situação pode se ajeitar no longo prazo.
O avanço das taxas fez os preços recuarem absurdamente. Por isso, conforme a matéria do InfoMoney,os administradores de fundos começaram a divulgar os novos valores que passaram a contabilizar as debêntures da Americanas nas carteiras. A marcação a mercado é realizada diariamente pelos fundos de investimentos – e, nesse caso, busca refletir os efeitos da “bomba” que estourou na empresa.
A Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), por exemplo, informou que estava precificando debêntures da Americanas – incluídas nas carteiras de pelo menos seis fundos – com um desconto de 49,56% em relação ao valor anteriormente marcado.
A matéria cita outros exemplos e diz que os gestores se empenham em dar explicações e acalmar os cotistas.
Como ficaram as negociações das debêntures da Americanas?
As repórteres do InfoMoney Mariana Segala e Bruna Furlani, em suas apurações, ressaltaram que, conforme documentos compilados por um gestor junto ao sistema Cetip Trader, a estimativa é de que o volume financeiro negociado de debêntures entre 12 e 13 de janeiro tenha chegado a R$ 29 milhões – sendo que cerca de R$ 4 milhões teriam sido apenas referentes a debêntures que vencerão em maio deste ano.
A reportagem traz ainda dados levantados por experts da Quantum sobre negociações. A título de comparação, o volume financeiro médio registrado entre os dias 2 e 11 de janeiro deste ano ficou em torno de R$ 9,6 milhões por dia para as debêntures com vencimento em julho de 2033, e de R$ 103,7 mil no caso dos papéis com vencimento em 2030.
Veja abaixo:
| Negociações Debêntures AMERICANAS S.A. de 02/01 a 11/01 | |||||
| período | ativo | quantidade negociada (média) | número de negócios (média) | volume financeiro (média) | preço último negócio (11/01/2023) |
| 02/01/2023 a 11/01/2023 | LAMEA7 | 892 | 27 | R$ 9.549.197,80 | R$ 11.006,01 |
| 02/01/2023 a 11/01/2023 | LAMEA6 | 91 | 5 | R$ 103.711,57 | R$ 1.107,58 |
Fonte: Quantum Finance
Para saber mais, acesse a matéria completa:
- Autoras: Mariana Segala e Bruna Furlani
- Por Infomoney – Publicada em 13/01/2023: Americanas: fundos passam a contabilizar debêntures por metade do valor após rombo de R$ 20 bilhões
- Informações Financeiras: Quantum Finance
