Janeiro passou e já é possível analisar os retornos dos ativos e dos principais índices de referência de mercado na largada de 2023. Sendo assim, muita gente quer saber “Como está o desempenho da nossa Bolsa e das Bolsas dos nossos vizinhos da América Latina?”
Por isso, a Quantum Finance realizou um levantamento com a performance das bolsas latino-americanas, a pedido da Forbes. Confira abaixo os principais destaques do nosso estudo.
Argentina segue campeã
Os últimos meses trouxeram vitórias importantes para os hermanos argentinos dentro e fora do campo de futebol. A Argentina foi campeã da Copa do Mundo em dezembro, com seu espetáculo de futebol, o índice Marvel, da Argentina, obteve a melhor performance dentre benchmarks de bolsas da América Latina em 2022 e nesse começo de 2023.
Nossos experts encontraram uma rentabilidade da bolsa argentina de 20,16% em reais neste ano até o dia 25/01. O retorno em dólar foi de 22,83%.
Também no acumulado de 2023, a vice-colocação ficou com o IPC, indexador da bolsa mexicana, com valorização de 15,15% em reais, ou o equivalente a 17,71% em dólares. O índice Colcap, da Colômbia, fecha o pódio com 5,64% de retorno em reais e 7,99% em dólares.
A reportagem da Forbes ouviu Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed. Segundo o entrevistado, o bom desempenho das bolsas latinas neste começo do ano decorre das expectativas positivas da economia chinesa.
A suspensão de medidas de controle da Covid-19 resultou em maior demanda e crescimento econômico no país. Logo, os parceiros comerciais, dentre eles vários países latino-americanos, se beneficiaram da política.
“Como grande parte da América do Sul é exportadora de commodities para a China, o mercado começa a antecipar um possível crescimento neste ano. O cenário é positivo para a China e, principalmente, para seus maiores parceiros comerciais”, afirma Fares.
Aliás, o Brasil foi outro surfar nessa onda chinesa. Contudo, a nossa Bolsa não subiu muito, quando comparada às dos nossos vizinhos.O Ibovespa avançou 4,13% em reais, enquanto em dólares o retorno foi de 6,45%, em termos nominais.
O estudo ainda mostrou que Chile (IPSA) e Peru (S&P/BVL) também apresentaram retorno positivo, de 3,66% e 3,13%, respectivamente, em reais.
Na contramão dos demais, a Venezuela foi o único país com índice negativo no levantamento. A rentabilidade do IBC, benchmark da bolsa venezuelana, foi de 14,03% negativos, em reais. O número é maior até que o registrado em todo 2022, quando o mesmo índice retraiu em 11,96%.
Confira abaixo a tabela completa do levantamento.
País | Índice | Moeda Original- retorno 2022 | R$ – retorno em 2022 | US$ – retorno em 2022 | Moeda Original- retorno 2023 (até 25/01) | R$ – retorno 2023 (até 25/01) | US$ – retorno 2023 (até 25/01) |
Brasil | Ibovespa | – | 4,69% | 11,97% | – | 4,13% | 6,45% |
Argentina | MERVAL Total Return | 142,02% | 31,54% | 40,68% | 28,70% | 20,16% | 22,83% |
Chile | IPSA Total Return | 22,38% | 14,14% | 22,07% | -0,06% | 3,66% | 5,97% |
Colômbia | COLCAP Gross Return | -2,16% | -23,24% | -17,90% | 1,32% | 5,64% | 7,99% |
México | IPC MXX Total Return | -5,74% | -7,91% | -1,51% | 13,24% | 15,15% | 17,71% |
Peru | S&P BVL GEN Total Return | 1,04% | -0,62% | 6,29% | 8,28% | 3,13% | 5,42% |
Venezuela | IBC | 253,92% | -11,96% | -5,84% | 7,67% | -14,03% | -12,12% |
Fonte: Quantum Finance/ *os dados são nominais, sem correção da inflação
A alta das bolsas latinas
Os resultados positivos, porém, já eram esperados desde o ano passado. A matéria da Forbes lembra que o Bank Of America (BofA) divulgou um relatório em dezembro com expectativas positivas para 2023 devido à entrada de investidores nos mercados latinos.
A análise destacou a reabertura da China, a normalização da cadeia de suprimentos e os pagamentos de prêmios nos mercados emergentes como pontos favoráveis aos países latinos.
Mas o investidor precisa ser ágil nesse momento positivo. Fabio Fares diz não ser possível saber até quando as economias latinas estarão nessa maré. O especialista apontou três fatores de risco ou inibidores para esse cenário.
- Restrições na China: o retorno das restrições chinesas por conta da Covid ou uma retração brusca na economia pode prejudicar as relações comerciais com os países latinos;
- Recessão nos EUA: um recuo na maior economia do mundo causa impactos nas bolsas ao redor do mundo, aumentando o temor de investidores em aplicar em países estrangeiros e em investimentos arrojados;
- Turbulências locais: o BofA ainda trouxe no relatório os riscos políticos da América Latina devido aos governos de esquerda eleitos recentemente, aumentando a volatilidade desses mercados.
O analista Fabio Fares, da Quantzed, ressalta que mercados emergentes são voláteis. “É um negócio muito instável, que depende de várias variáveis para dar certo. Vejamos o Brasil, por exemplo: quando o macro global colabora, a gente arranja problemas internos. Quando o macro global está ruim, as coisas se ajeitam internamente. E isso não é só o Brasil, é na América Latina como um todo”, disse na matéria da Forbes.
Para saber mais, acesse a matéria completa:
- Autora: Monique Lima
- Por Forbes – Publicado em 31/01/2023: Argentina segue campeã em 2023: confira o retorno nas bolsas latinas
- Informações Financeiras: Quantum Finance