10 milhões de CPFs investindo na Bolsa brasileira. Essa é a meta proposta por João Pedro Nascimento, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no horizonte da democratização do acesso ao mercado de capitais.
O tema foi debatido na última quinta-feira (25), em um painel no evento Smart Summit 2024, que também contou com as participações de Felipe Paiva, diretor de relacionamento da B3, Fabricio Almeida, Diretor Jurídico da XP, e Samyr Castro, CEO da InvestSmart XP.
Hoje, de acordo com dados da B3, pouco mais de 6 milhões de pessoas físicas investem na bolsa de valores brasileira. O número representa apenas 2,8% da população brasileira, e o objetivo da CVM é levar essa taxa a pelo menos 5%.
Como democratizar o acesso ao mercado de capitais?
Segundo Felipe Paiva, da B3, o caminho é reduzir os obstáculos para os investidores brasileiros. Facilitar os processos de entrada e cadastros, enxugar a complexidade na declaração de imposto de renda e otimizar a portabilidade de investimentos estão entre as principais pautas.
De acordo com João Pedro Nascimento, o objetivo da CVM é criar um ambiente de Open Capital Market, em que os investidores se sintam verdadeiramente donos de seus investimentos, tendo facilidade de mover seus ativos entre diferentes custódias.
Para João Pedro Nascimento, esse seria o “pix do mercado de capitais”.
Outro ponto importante, ressaltado por Fabricio Almeida, são os avanços no campo regulatório, notadamente com a resolução CVM 175, o novo marco regulatório dos fundos de investimentos, que aumenta a transparência para os investidores e favorece a oferta de mais produtos ao varejo.
Como atender os novos investidores?
Anfitrião do evento, Samyr Castro ressaltou a necessidade de atender bem os novos investidores do mercado de capitais brasileiro, sem deixar os iniciantes desamparados.
O CEO da InvestSmart destacou iniciativas de formação de jovens assessores e outros profissionais de investimentos para dar conta do fluxo de pessoas físicas interessadas na Bolsa de valores e em outros produtos financeiros.
Novas apostas no mercado de capitais: agro, futebol, cripto e finanças sustentáveis
Em sua fala, João Pedro Nascimento enfatizou os esforços da CVM em promover novos produtos de investimentos, o que pode atrair o interesse de novos públicos para o mercado de capitais.
Os esforços são em quatro grandes temas:
Agro: Indústria extremamente representativa no PIB brasileiro, o agronegócio pode ser acessado pelos Fiagros, ativos regulamentados recentemente e cuja regulação deve evoluir em 2024;
Finanças sustentáveis: Os esforços são por produtos que possam recompensar financeiramente quem assume caminhos sustentáveis;
Cripto: Além das conhecidas criptomoedas e ativos ligados a indústria, como os ETFs de criptoativos, as soluções também incluem tokenizadores e outros projetos em blockchain;
Futebol: As recentes Sociedades Anônimas de Futebol (SAF) podem ser veículos para conectar o futebol ao mercado de capitais, através de abertura de capital e financiamentos por fundos, securitização, crowdfunding, entre outros.