O maior volume de ofertas primárias de debêntures, juntamente com a subida da Selic, ajudaram a impulsionar a negociação dessa classe de ativos nos últimos meses. No secundário, a situação não foi diferente. A Quantum realizou um levantamento exclusivo para o Infomoney sobre o mercado secundário de debêntures nos últimos 12 meses. Veja a matéria na íntegra e, no final, faça o download do estudo completo.
Volume financeiro de negociações de debêntures no secundário quase dobra em um ano
Por Bruna Furlani para o InfoMoney
O maior volume de ofertas primárias de debêntures juntamente com a subida da Selic ajudaram a impulsionar a negociação dessa classe de ativos nos últimos meses. No secundário, a situação não foi diferente. O volume financeiro negociado de debêntures no secundário saltou de R$ 12,6 bilhões para R$ 22,9 bilhões, ou seja, quase dobrou nos últimos 12 meses encerrados em novembro deste ano.
Os dados fazem parte de um levantamento feito pela empresa de soluções para o mercado financeiro Quantum Finance e mostram que novembro foi um dos meses de maior volume financeiro negociado neste ano, atrás apenas de abril – onde o montante chegou a R$ 37,2 bilhões.
Entre os 10 papéis mais negociados em novembro estão títulos de empresas como Copel (CPLE6), Vale (VALE3) e AES Brasil (AESB3), por exemplo. Quase a totalidade deles não apresenta isenção tributária porque não são debêntures incentivadas.
Em termos de remuneração, os papéis mais negociados ofereceram taxas que pagavam 100% do DI (remuneração que se aproxima bastante da Selic) acrescida de um prêmio que podia variar entre 2,50% e 2,90% ao ano.
Já no caso de títulos atrelados à inflação, os juros reais oferecidos podiam ir de 6,18% a 6,78% ao ano. Sobre os prazos de vencimento, a maior parte das negociações foi feita com títulos de prazo mais curto, com vencimentos até 2026.
Confira a lista de debêntures mais negociadas em novembro deste ano:
Código CETIP | Emissor | Vencimento | Remuneração | Incentivada | Quantidade Negociada | Volume Financeiro |
OAEPA2 | OAS S.A. – EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL | 31/03/2041 | 100,00% do TR + 1,00% | Não | 296.763.704 | R$ 382.790,88 |
LLISB1 | RESTOQUE S.A. COMÉRCIO E CONFECÇÕES DE ROUPAS | 30/06/2025 | 100,00% do DI + 2,70% | Não | 195.594.442 | R$ 70.979.400,07 |
CPLD14 | COPEL DISTRIBUIÇÃO S.A. | 27/09/2023 | 100,00% do DI + 2,70% | Não | 96.450.804 | R$ 66.201.972,16 |
OAEPA1 | OAS S.A. – EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL | 01/02/2026 | 100,00% do DÓLAR + 13,00% | Não | 25.648.402 | R$ 61.679,03 |
CVRDA6 | VALE S.A. | Não possui | 100,00% do IGP-M * | Não | 11.714.510 | R$ 593.033.326,19 |
LLISB2 | RESTOQUE S.A. COMÉRCIO E CONFECÇÕES DE ROUPAS | 30/06/2025 | 100,00% do DI + 2,90% | Não | 7.442.750 | R$ 3.164.666,79 |
CRCG11 | COMPANHIA SECURITIZADORA DE CRÉDITOSE CARTÕES CONSIGNADOS II | 17/12/2025 | 100,00% do DI + 2,50% | Não | 6.000.000 | R$ 6.054.042,00 |
CEPE27 | CELPE – COMPANHIA ENERGÉTICA PERNAMBUCO | 15/01/2022 | 100,00% do IPCA + 6,18% | Sim | 4.049.406 | R$ 5.317.175,42 |
CPGT14 | COPEL GERAÇÃO E TRANSMISSÃO S.A. | 23/07/2023 | 126,00% do DI | Não | 1.400.000 | R$ 969.665,20 |
TIET26 | AES TIETÊ ENERGIA S.A. | 15/04/2024 | 100,00% do IPCA + 6,78% | Não | 1.027.644 | R$ 1.278.401,89 |
Em relatório divulgado neste mês pela Inter Asset, a equipe de análise da casa pontuou que a liquidez no mercado secundário de debêntures tem permanecido em patamares robustos e que vem aumentando ao longo de 2021.
De acordo com cálculos da asset, a média mensal negociada nos cinco meses do segundo semestre de 2021 foi de cerca de R$ 21 bilhões, quase 40% superior à média do primeiro semestre.
Apesar da maior liquidez, a casa ponderou que o mercado secundário de debêntures teve uma leve correção em novembro com relação aos spreads de crédito oferecidos – como são chamados os juros a mais que o investidor recebe por aplicar nos papéis (e não em opções mais conservadoras).
Ou seja: o prêmio que é pago a mais para que o investidor aplique nos papéis teve leve alta, segundo os analistas da asset, após diversos meses de queda. Na prática, a notícia é boa para quem vai adquirir algum título porque a remuneração oferecida vai ser maior, mas para quem precisa vender o papel antes do vencimento, isso significa que o preço da debênture recuou no mercado secundário.
Assim como ocorre no mercado de títulos públicos, o investidor que adquire uma debênture pode optar por vendê-la antes do prazo. Ao fazer isso, no entanto, ele está sujeito às taxas e preços que o mercado atribui ao papel naquele determinado momento, no que é chamado de marcação a mercado. O preço pode ser maior do que o valor pago pelo investidor na hora da compra – mas também pode ser menor.
Se não tiver objetivos claros, o investidor pode se ver obrigado a vender o papel em um momento em que a taxa está alta e que o preço do papel, por consequência, está mais baixo, como agora.
Na visão dos especialistas da Inter Asset, contudo, essa correção é saudável para que a indústria siga entregando resultados positivos e mais “aderentes a bons níveis de carrego nos próximos meses”.
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Autora: Bruna Furlani: Repórter de investimentos em InfoMoney
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Sistema de Dados e Informações Financeiras: Quantum Axis
- Fonte: InfoMoney– publicado em 17/12/2021