Em tempos de inflação acima dos juros, aplicações de renda fixa com performance superior à correção de preços são valorizadas pelos investidores. E segundo matéria do Exame Invest, o título IGPM+ do Tesouro Direto, chamado também de NTN-C, “inspira a velha lenda da caça ao tesouro”, rendendo 30,9% nos últimos 12 meses.
A razão para a disparada do rendimento desses títulos está ligada ao próprio Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), que referencia o retorno das NTN-Cs. Nos 12 meses até junho, o indicador de inflação avançou 35,75%, trajetória bem próxima à da valorização do próprio Tesouro IGPM+. Mas seriam títulos interessantes e fáceis de serem incorporados em uma estratégia de investimento? A Quantum foi convidada para contribuir com o debate, e realizou um levantamento sobre esses títulos. Os dados foram extraídos da plataforma Quantum Axis.
NTN-C: Entenda os Títulos do Tesouro IGP-M+
Emitidos somente até 2006, esses títulos estão com o vencimento marcado para o primeiro dia do ano de 2031. O pagamento do principal é realizado em uma única parcela, na data de vencimento do título, porém o pagamento dos juros ocorre em fluxos periódicos, sob a forma de cupons semestrais. Ou seja, além do investidor receber o retorno acumulado a cada 6 meses, houve ainda valorização acima da curva.
De acordo com dados do Tesouro Nacional apresentados na matéria, o estoque dos títulos IGP-M+ é de pouco mais de 57 milhões de reais — um volume pequeno, que representa cerca de 0,1% do mercado de títulos públicos.
Levantamento Quantum
Os dados apurados pela Quantum revelam que não são tão fáceis para se investir nessa opção. A maior parte dos Títulos do Tesouro IGP-M+ está na carteira de fundos de investimento, portanto, fora das negociações no mercado secundário. E os 136 fundos que detêm NTN-C na carteira, apenas um é aberto para o mercado. Todos os outros são fundos exclusivos, constituídos para um investidor ou para um grupo limitado de investidores (como fundos private, para famílias, ou fundos de pensão, por exemplo).
O levantamento ainda revela um volume nos fundos de 57 milhões de reais -a mesma ordem de grandeza do valor total apresentado pelo Tesouro Nacional – reforçando a tese de que há pouquíssimos investidores pessoa física com esse ativo na carteira. E com um rendimento tão alto, aqueles que têm as aplicações provavelmente não irão se desfazer do ativo. Em maio, o volume de repasse desses títulos correspondeu a apenas 0,2% do total.
O cruzamento dos dados mostra outra informação curiosa: como a maior parte dos fundos que são donos de NTN-C são fundos exclusivos, com poucos investidores, em números exatos os títulos de dívida do governo corrigidos pelo IGP-M estão nas mãos de pouco mais de 500 cotistas.
Outro aspecto que chama a atenção é o volume de concentração de alguns fundos. Os dois maiores, um pertencente à gestora do Santander e outro do Bradesco, têm mais de 95% do patrimônio constituído somente por esses títulos. Ambos fundos possuem somente um cotista. Abaixo os 10 fundos com maior volume de NTN-C sob gestão:
Outros Investimentos
A reportagem do Exame Invest aponta a possibilidade do investidor encontrar outras aplicações no mercado que cumprem o mesmo papel do Tesouro IGP-M. Os fundos de crédito privado, por exemplo, investem em títulos cujo rendimento é referenciado pelo mesmo indicador inflacionário. Dentro desta categoria os fundos imobiliários de papel que investem em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) com rendimento atrelado ao IGP-M, apresentam-se como oportunidade.
Além dessa alternativa, existem outras aplicações com fundamentos similares aos dos títulos NTN-C. Vale lembrar que o IGP-M é um índice de inflação que acompanha os custos para o mercado produtor, e por isso tem uma sensibilidade maior aos preços de produtos básicos e ao câmbio.
Fonte: Exame Invest – publicação 5/7/2021
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