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Companhias varejistas continuam enfrentando cenário complexo

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Varejistas: companhias continuam enfrentando cenário complexo

Considerando as principais companhias varejistas listadas na Bolsa, a maioria reportou prejuízo ou quedas no lucro no terceiro trimestre de 2023, em relação a igual período do ano passado. Isso demonstra que o contexto prosseguiu desafiador, apesar de leve melhora.  

Segundo o IBGE, o volume de vendas do comércio varejista cresceu 0,6% em setembro, após ter registrado queda de 0,1% em agosto. Na comparação com setembro de 2022, houve avanço de 3,3%. O setor acumula altas de apenas 1,8% no ano e de 1,7% em 12 meses.  

De acordo com analistas, de modo geral, as famílias seguem com orçamentos apertados, endividadas ou comprometidas com dívidas renegociadas, vivendo em um ambiente de juros ainda elevados.  

No e-commerce, o contexto é de concorrência acirrada, em função da atuação crescente de grandes players externos 

Por outro lado, está em andamento um processo de desinflação e o Comitê de Política Monetária (Copom) tem promovido cortes na Selic desde agosto, o que tende dar mais fôlego a economia no médio prazo. O Boletim Focus, que compila as expectativas de agentes de mercado, aponta que a Selic chegará a 11,75% no fim deste ano, e descerá para, 9,25% em 2024. Por outro lado, ainda vigoram preocupações com a questão fiscal no país. 

Diante de tudo isso, levantamos os desempenhos das ações das principais varejistas na Bolsa. 

Antes, porém, iremos apresentar os destaques dos balanços do 3T23, cujos relatórios oficiais de resultados disponíveis no Quantum Axis.

Resultados das varejistas no 3T23 

Americanas (AMER3) 

A Americanas divulgou no dia 16/11 o seu balanço referente a 2022, que estava suspenso desde que a companhia revelou que havia encontrado uma fraude bilionária em suas demonstrações financeiras.  

O prejuízo acumulado no ano passado foi de R$ 12,9 bilhões, o dobro do registrado em 2021. O saldo negativo, segundo a administração, foi por conta de um fraco desempenho operacional e da elevada despesa financeira.  

A Americanas terminou o ano passado com patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e dívida líquida de R$ 26,3 bi.  

A receita líquida consolidada foi de R$ 25,8 bilhões, um aumento de 14,6% em um ano.  

Depois do rombo contábil bilionário revelado em 11 de janeiro e sua entrada em recuperação judicial, a divulgação do balanço de 2022 foi anunciada para março sofreu postergações para agosto, outubro e 13 de novembro, até finalmente ser adiada para o dia 16 de novembro.  

O tamanho da fraude contábil, segundo o balanço recém-divulgado, foi de R$ 25,2 bilhões.  

Com os números divulgados, a companhia segue com o foco de chegar a um acordo com credores, pedindo na Justiça a convocação de uma assembleia com as partes envolvidas para 19 de dezembro. O plano de recuperação judicial da Americanas prevê injeção de R$ 12 bilhões de seus acionistas de referência. 

Arezzo&Co (ARZZ3)    

A Arezzo teve resultado positivo no terceiro trimestre de 2023, reportando lucro líquido recorrente de R$ 107,1 milhões, uma alta de 4,2% em relação ao registrado no mesmo período do ano anterior.  

O Ebitda recorrente foi de R$ 271,5 milhões, 27,9% maior na mesma base de comparação.  

A receita líquida totalizou R$ 1,265 bilhão no 3T23, crescimento de 11,2% sobre o 3T23. 

Segundo Alexandre Birman, CEO e CCO da Arezzo&Co, os resultados sólidos demonstram a habilidade contínua de gestão do portfólio de marcas. O terceiro trimestre foi marcado pela transição das coleções de inverno para verão, que demonstraram grande assertividade, pois houve aumento do market share.

C&A (CEAB3)  

A C&A apresentou prejuízo de R$ 44,2 milhões no terceiro trimestre de 2023. Apesar do resultado negativo, houve uma melhoria em relação aos R$ 61,4 milhões negativos no mesmo período de 2022. Já o Ebitda ajustado foi de R$ 195,6 milhões, um avanço de 40%.  

A receita líquida teve um aumento de 9,6% na comparação anual somando R$ 1,542 bilhão.  

A dívida líquida da varejista de moda caiu 47,6% de janeiro a setembro, na comparação com o mesmo período de 2022.  

Conforme a administração, a C&A apresentou melhorias nas métricas operacionais, apesar da desaceleração dos gastos do consumidor e aumento de promoções no setor. 

Grupo SBF (SBFG3)  

Números azuis apareceram no balanço do Grupo SBF, dono das marcas Centauro e Fisia (Nike Brasil). Houve crescimento de 22% da receita líquida no 3T23, em relação a 3T22, chegando a R$ 1,8 bilhão. 

A empresa apresentou R$ 169,4 milhões de Ebitda ajustado. E o lucro líquido ajustado totalizou R$ 70,5 milhões, um crescimento de 52,5%. 

De acordo com a mensagem da administração no balanço, o crescimento no Ebitda e no Lucro é decorrente da redução das despesas, alavancagem operacional e redução do nível de estoques, que apesar de ainda elevado, começa a dar sinais de melhora.

Grupo Soma (SOMA3) 

O Grupo Soma, que detém as marcas Farm, Animale, Cris Barros, Maria Filó e Hering, entre outras, teve resultado positivo no 3T23, mas abaixo do registrado em igual período do ano passado. O lucro líquido ajustado ficou em R$ 96,1 milhões, uma queda de 6,7%. 

O Ebitda ficou em R$ 213 milhões, uma redução de 0,5% em relação ao terceiro trimestre de 2022. 

A receita líquida totalizou R$ 1,364 bilhão, alta de 5,8% sobre o 3T22.

Marisa (AMAR3) 

A rede Marisa teve um aumento do prejuízo líquido consolidado no terceiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Nessa base, as perdas passaram de R$ 102 milhões para R$ 196,4 milhões.  

De acordo com a varejista de moda feminina, a piora foi causada pela redução de receitas com venda de mercadorias devido ao menor nível de estoques para preservar o caixa.  

Houve uma queda de 50% da receita líquida na comparação com igual intervalo de 2022, passando de R$ 634 milhões para R$ 316,4 milhões.

Lojas Renner (LREN3)  

A Lojas Renner registrou lucro líquido de R$ 172,9 milhões no terceiro trimestre de 2023, um recuo de 32,9% em relação ao mesmo período do ano passado.  

O Ebitda total somou R$ 356,1 milhões entre julho e setembro, uma queda de 21,3% na comparação anual.  

A receita líquida consolidada teve alta de 2,6% na base anual, totalizando R$ 3,09 bilhões.  

O relatório de resultados destaca que o cenário de consumo foi difícil, especialmente em agosto. No entanto, em setembro, houve uma evolução nas vendas, prosseguindo em outubro.

Guararapes (GUAR3) 

A Guarapapes, dona da rede de lojas Riachuelo, Carter´s e da financeira Midway, teve prejuízo de R$ 70,74 milhões no terceiro trimestre de 2023, revertendo lucro de R$ 3,478 milhões do mesmo período de 2022. O Ebitda consolidado ajustado foi de R$ 183,8 milhões, uma queda de 21,7%.

Por sua vez, a receita líquida teve alta de 6,1% na base anual, tingindo R$ 2,1 bilhões.

Magazine Luiza (MGLU3)  

O Magazine Luiza teve lucro líquido de R$ 331,2 milhões no 3T23, revertendo o prejuízo de R$ 190,9 milhões do mesmo período de 2022.  

No entanto, o lucro líquido reportado foi auxiliado pelos efeitos de créditos tributários, em sua maior parte referentes ao julgamento do STF sobre a não incidência de PIS e Cofins sobre bonificações recebidas de fornecedores.  

Porém, sem essa questão tributária, a companhia teve prejuízo de R$ 143,4 milhões, com uma queda de 15,7% do valor negativo na base anual. O Ebitda ficou em R$ 487,5 milhões, o que significa uma queda de 0,7%.  

A receita líquida recuou 2,6% para R$ 8,578 bilhões, na base de comparação anual.  

Segundo comunicado da empresa feita na véspera da divulgação, foram identificadas incorreções em lançamentos contábeis de bonificações a fornecedores, o que levou a reapresentação de demonstrações financeiras da companhia. Após denúncia anônima, foram feitas apurações internas, junto a TozziniFreire e à PwC, em março deste ano. A varejista destacou que as incorreções vieram das notas de débito – documento de reconhecimento contábil das receitas de bonificações a fornecedores. Como resultado, a Magalu precisou fazer a correção dos lançamentos, uma redução acumulada do patrimônio líquido de R$ 829 milhões sobre o valor do fim de junho de 2023. No entanto, com o reconhecimento de R$ 688 milhões em créditos tributários que acabaram puxando o lucro no trimestre, o impacto das incorreções no PL ficou em R$ 322 milhões. 

Petz (PETZ3)  

O Petz, rede de pet shops, teve lucro líquido de R$ 14,7 milhões no 3T23, porém, esse valor representa uma queda de 52% na comparação anual.  

Uma retração também ocorreu no Ebitda, que totalizou R$ 65,4 milhões, menos 9,4% em relação a igual período de 2022.  

A administração destacou que está implementando medidas para incrementar a rentabilidade, principalmente do canal digital, que estruturalmente possui margens menores. A empresa ressaltou ainda que está conseguindo aumentar o número de clientes ativos com menores custos de aquisição. 

Grupo Casas Bahia (BHIA3)  

O Grupo Casas Bahia reportou prejuízo líquido de R$ 836 milhões entre julho e setembro deste ano. Esse resultado foi mais negativo do que o registrado no 3T22, um prejuízo de R$ 203 milhões.  

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado veio negativo em R$ 66 milhões. No terceiro trimestre de 2022, o indicador era positivo em R$ 390 milhões. E a margem Ebitda ajustada veio desta vez negativa em 1%, contra +5,6% de julho a setembro de 2022 

Por sua vez, a receita líquida da Casas Bahia totalizou R$ 6,5 bilhões, uma queda de 6%. 

No balanço, a companhia diz que está avançando em seu plano de transformação, sendo que entre os primeiros passos ao longo do 3T23 estão: o modelo de gestão baseado em novas métricas de margem e ciclo de caixa, redução dos estoques e cortes de pessoal. 

Desempenhos das ações das varejistas na Bolsa 

De acordo com dados levantados no Quantum Axis, nosso sistema mais completo de inteligência de mercado, entre as 11 varejistas mais emblemáticas na B3, a Americanas (AMER3) e a Casas Bahia (BHIA3) amargam as maiores quedas no acumulado do ano até 21 de novembro – após as divulgações dos balanços-, respectivamente de 88,63% e 73,76%.  

As companhias apresentam desempenhos negativos no ano, salvo a C&A (CEAB3), que se destoa, com uma alta de 250,65% em 2023.  

Veja os dados e o gráfico abaixo:

Desempenho das companhias varejistas na B3

Fonte: Quantum Finance


 

Observe também as rentabilidades comparativamente em diversas janelas de tempo – no ano, em 12 meses, em 24 meses e em 36 meses: 

Ações Retornos
no ano  nos últimos 12 meses  nos últimos 24 meses  nos últimos 36 meses
CEA MODAS ON NM – CEAB3 253,71% 250,65% 11,57% -40,00%
GUARARAPES ON – GUAR3 -9,51% -19,18% -45,82% -59,38%
GRUPO SBF ON NM – SBFG3 -18,75% -30,78% -60,07% -64,63%
AREZZO CO ON NM – ARZZ3 -19,50% -28,02% -10,86% -7,27%
MAGAZ LUIZA ON NM – MGLU3 -22,26% -32,38% -76,31% -91,41%
LOJAS RENNER ON NM – LREN3 -27,35% -38,07% -51,70% -64,01%
PETZ ON NM – PETZ3 -33,53% -43,53% -78,63% -77,66%
GRUPO SOMA ON NM – SOMA3 -34,12% -41,86% -53,74% -42,07%
LOJAS MARISA ON NM – AMAR3 -42,08% -52,68% -81,11% -88,53%
CASAS BAHIA ON NM – BHIA3 -75,83% -73,76% -89,61% -96,75%
AMERICANAS ON NM – AMER3 -87,77% -88,63% -96,38% -98,37%

Fonte: Quantum Axis 

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